sábado, 15 de fevereiro de 2014

Opinião: Os Leões não são vegetarianos

Foto por Tambako the Jaguar
Este artigo deve ser algo que você não estava esperando em um blog dedicado aos Animais. O que me motivou mais ainda foi o sentido de realismo, e admito que a minha quota parte da culpa, ocultamos para incutir o interesse pelos Animais e pela natureza. Embora este seja um artigo de opinião, aquilo que eu chamo de ciclo da vida é algo que, do meu ponto de vista, precisa ser abordado de forma clara. Por momentos parecemos não saber do que se trata - ou fingimos que não sabemos do que se trata.

Antes de continuar este artigo quero deixar as seguintes coisas bem claras:

  • Não sou vegetariana, nunca fui e não sei se serei algum dia.
  • Apoio muitos programas de conservação dos Zoológicos e Reservas Selvagens, reconhecendo sua importância na ajuda da preservação da natureza. Não deixo de reconhecer suas falhas, por vezes graves, mas não deixo de apoiar a missão.
Também não gosto de ver Animais sofrerem, muito menos morrerem. Isto é algo fora do minha natureza, seria estranho pois vivi com Animais desde que era uma criança.

Nos artigos "Imagem da Semana" e "Desenhos Selvagens", vemos aqui que é normal a violência no dia a dia dos Animais. É completamente natural que nós demostremos isto, mostrando um pouco da vida mais natural dos Animais. O ciclo da vida é constituído por Animais que se alimentam de carne (Predadores), e por outros que são vegetarianos (Presas). Surpreendido?
Foto por BBC

Os Leões não são vegetarianos

E quem fala em Leões, fala de qualquer Animal carnívoro, dentro deste exemplo está todos os Felinos, e até mesmo nosso Gatos domésticos. Os Animais carnívoros como a designação já indica, comem carne. Essa carne, ao contrário do que queremos pensar, não vem do supermercado. Um pouco à semelhança da água, que também não vem da torneira. Em ambiente selvagem, as presas nunca têm a sorte (entenda-se) de morrerem de forma quase instantânea com um tiro (por exemplo). No caso dos grandes Felinos, geralmente apertam o pescoço das presas com as suas mandíbulas e deixam-nas morrer por estrangulamento.

Outros Animais desenvolveram outras técnicas para matar as suas presas. As Pitons, bem como todas as espécies de cobras constritoras, envolvem a presa e contraem-se até a esmagarem. Animais venenosos, como Escorpiões e tantos outros, injetam o veneno nas suas presas que as imobiliza e começa a pré-digerir os seus órgãos internos – dá para ter uma ideia do sofrimento.

O medo, a fome e a morte são presentes na vida de um Animal selvagem diariamente.
Foto por NatGeo

As Girafas não têm nome

Um aspeto comum aos Animais que são predados, é o de não terem nome. Ninguém lhes deu um nome. Poderíamos chamá-los de Marius (por exemplo), mas não chamamos. Não têm nome. E isso parece fazer toda a diferença na forma como avaliamos as suas vidas. Só damos nome aos Animais de quem mais gostamos, como aos nossos. Ser uma Girafa também marca diferença. Nós amamos Girafas, são Animais simpáticos, altos, lindos.

E nós temos uma tendência para ignorar Animais “feios”. Choca-nos profundamente pensar que os Pandas podem deixar de existir, mas passamos ao lado de um Sapo Venenoso cuja existência nos parece ser indiferente. As Baleias não podem desaparecer, mas e uma Cobra Rateira, porque não? Teria a morte de uma Tarântula as mesmas reações e petições que a de uma Girafa?

Qual a diferença de uma Girafa chamada Marius e todos os outros Animais, sem nome, para que aqueles Leões se alimentem?

Estes são os Animais e esta é a natureza que defendemos. Se a queremos respeitar, é no seu todo, não só a parte que nos parece mais simpática. Quando defendemos os Lobos, estamos a proteger animais que também matam outros. Quando defendemos os Grandes Felinos, idem. Animais se alimentam de Animais, simplesmente temos que aceitar este fato.
Autor desconhecido

É o ciclo da vida

Apesar das evidentes referências, este não é um artigo dedicado a um caso em particular, nem um Animal em particular, ou um Zoo em particular. Não é um artigo sobre a forma como um péssimo departamento de comunicação / relações públicas, permitiu que um caso destes prosseguisse e tomasse tais proporções.

Não é um artigo sobre terem “organizado” o abate de um Animal da forma mais insensata que poderia ter passado pela cabeça de alguém, incluindo uma autópsia à frente a uma assistência composta por crianças. Não é, acima de tudo, um artigo que desrespeite um Animal que tinha todo o direito à vida, como todos os outros têm.

É um artigo sobre o nosso “constrangimento seletivo”, a nossa posição pouco clara em que todos os Animais são iguais, mas depois uns são mais iguais do que outros. Sobre pensarmos que a carne vem mesmo do supermercado ou que todos os Animais vivem em harmonia e a comer vegetais.

Este artigo é uma opinião, dê a sua nos comentários.

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